Artista gráfica e fotógrafa
brasileira, baseada em Portugal.
Idealizadora e editora da plataforma Antro Positivo, sobre artes e pensamento contemporâneo, desde 2011 (www.antropositivo.com.br).
Curadora do OUTROS Festival de Arte (www.outros.art) e da “3+8 Art” (Feira de Arte e Impressos + Projeto Collage 3+8 / Goethe Institut 2021).
Foi artista residente na Cité Internationale des Arts, em Paris (FR), e indicada ao Prêmio Sergio Motta de Artes e Novas Mídias. Atualmente é artista residente na Casa da Dança de Almada, Portugal.
Expôs seus trabalhos em São Paulo, França e Turquia. Recentemente, realizou a exposição individual “Série: Pessoas” (março 2018) e participou das exposições coletivas "7 de Setembro, Bicentenário"(setembro/2022), “Well Well Well Art Project” (maio/junho 2018) e “Mulheres” (outubro/novembro 2018).
Mantém uma produção autoral de fotografia, colagem e lambe-lambe, e participa de várias feiras de arte no Brasil e Portugal. É representada pela Banca Vermelha (SP), Lovely House Casa de Livros (SP) e Banca Paisagem (Guimarães/PT).
Trabalha junto à importantes diretores e festivais de arte, como Christiane Jatahy, Felipe Hirsch, Gerald Thomas, Grupo 3 de Teatro, Rodrigo Pandolfo, Georgette Fadel, Paula Cohen, Isabel Teixeira, Guilherme Weber.
Em 2017 assinou o projeto gráfico do livro Fronteiras Invisíveis, da diretora Christiane Jatahy, lançado pela editora Cobogó/Rio de Janeiro. Lançará em 2022 a coleção de dramaturgia da Cia Mungunzá, como artista gráfica convidada.
Foi diretora de arte nas editoras Abril, Trip e Globo, com larga experiência em design editorial.
Atualmente, é diretora de arte no estúdio de design Patrícia Cividanes, especializado em projetos gráficos e fotografia para o mercado cultural. Entre seus clientes estão Sesc-SP, Festival Contemporâneo de São Paulo, Editora Cobogó, Corpo Rastreado, Festival Cine-Inclusão, Festival Pop de Cinema, Festival Cine Favela América Latina, Festival Transborda (Portugal) e Casa da Dança de Almada (Portugal), além de vários artistas.
Graduada pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado - SP/Brasil) em Comunicação e pós-graduada em Design Gráfico pelo Senac-SP/Brasil.
ou
01 de agosto. Um choro. O primeiro. O ano? 79. Ano da anistia. Por isso vim. Já cheguei atrasada, como de costume. Idade não escondo. Gosto de ver o tempo passar no corpo. De cara, um pai e uma mãe indescritíveis (se descrevê-los, parecerá mentira. Perfeitos! Guardo pra mim, ou conto mais tarde). Avós... ah, os avós... Filha e neta única até os 5 anos. Mimo? Aos 9 meses: operação. Três rins e uma formação errada nos ureteres. Um ano e meio, acidente de carro: duas pernas quebradas. Depois disso, poucas baixas. Odeio agulhas. Continuo filha única, mas gosto. Gosto de pessoas. Amo amigos. Melhor aluna até a quarta série. Primeira nota vermelha na quinta. Percebi que não precisava me esforçar muito para ficar na média. E assim fui. Fugindo da educação física e me empenhando na artística. Fiz dança. (É. Jazz. Não consegui passar ilesa aos anos 80.) Fiz teatro. Nunca pensei em ser atriz. Gostava mais das festas e festivais e viagens. E em uma festa aos 15 beijei o que vem a ser meu melhor acerto. Menino mais velho, roupas pretas, rasgadas, andar descalço. Há 25 anos? O que dizer? (se descrever parecerá mentira. Perfeito! Guardo pra mim, ou conto mais tarde). Quero mais. Um ano depois do beijo, ele veio pra São Paulo (cidade que me fez careta quando criança ao sentir seu cheiro). Vim atrás. Atrás de amor, de sonho, de trabalho (como todos, não?). Morei vinte e sete dias em um pensionato de freiras. Aluguei um quarto na casa de uma senhora - ela maltratava o marido. Aluguei um apartamento com uma amiga. A amiga se foi. Veio outro amigo. Depois a irmã dele. Já era tempo de parar de dividir a cama de solteiro. Fomos morar juntos. Um quarto e sala e muitos livros. Sim! Neste momento já havia o filho: tricolor, macho, beagle. Me ensinava muita coisa. Cursei Publicidade. Faltava às aulas – passava boa parte do tempo na faculdade de Artes Plásticas. Ele me dizia que era para dormir melhor no escuro do passar dos slides das aulas de história da arte, mas não. Um professor de fotografia. Me apaixonei – pela fotografia. Uma fotógrafa americana, retratando o “fim de festa” de sua geração e mudando a história. Nan. Me fez acreditar que a câmera não mordia. Uma inquietação juvenil, a vontade dando vazão ao experimento. Um scanner na mesa e muita coisa na cabeça. Era virada do século. Ganhei uma bolsa de estudos. Fui morar em Paris. Não falava francês, mas me senti em casa em uma semana. Não queria voltar para terra brasilis. Ele foi ficar comigo nos últimos meses. Mudamos muito na distancia. Mudei muito. Gostei da mudança. (Sonho em voltar todas as noites.). Voltei. Ao Brasil. À realidade. Me deparei com outro mundo. Amigos novos (adoro isso). Os tenho comigo até hoje. São muito importantes. Comecei a trabalhar com direção de arte em publicidade. Muito trabalho, noites em claro e um salário mínimo. Parei de fotografar – gaguejo quando tento explicar o por que. Me formei. Comunicóloga. Bonito este nome. Encarei o circo da propaganda por mais alguns anos. Não queria mais trabalhar em pastelaria. Voltei aos estudos. Uma pós. (pensei que nunca faria uma). Uma pequena mudança nos caminhar e me formei designer gráfica. Descobri o que me instiga em tudo que passei: a imagem. Nunca me declarei fotógrafa, mas hoje assumo. Não gosto da técnica. Gosto do erro. As possibilidades. E então um convite, um novo emprego: o mundo do design editorial. Lá fui eu, me jogar em fechamentos mensais, semanais... “Movimento figurinhas” o dia todo, brincava. Adoro o que faço. Me divirto. Mas sempre falta algo. E é nesta falta que surgem os respiros. Alguns projetos para quebrar regras. Em 2011 o mais importante deles se consolidou. Um espaço para juntar várias paixões. A revista Antro Positivo, que hoje se torna plataforma, não cabe mais em si. Design, imagem, teatro, fotografia, arte, amor. Tudo embalado de novos sonhos. Sonhados juntos à insônia de meu melhor acerto. Então, resolvi brincar com minhas próprias figurinhas. Produção autoral. Dizendo assim, dá até medo, mas encarei. Feiras de arte, exposições e até curadoria. Hoje, o momento balzaquiana ficou para trás há uma década: entre outras baixas, descobri que não tenho mais três rins, mas tenho hérnia na lombar e refluxo. Considero-me sortuda e feliz. Assumi as rugas, os quilos a mais e os cabelos brancos. O que mais? (avisei que falo muito?)